A SANTA QUE VIU O JULGAMENTO DOS HOMENS – 8 de outubro
8-10 – Santa Brígida da Suécia (†1373)
A mística que ouviu a voz de Cristo e contemplou os mistérios do Céu e do inferno
Santa Brígida nasceu em 1303, em Finsta, na Suécia, de uma família nobre profundamente cristã. Desde a infância, recebeu graças místicas extraordinárias: via anjos, ouvia vozes do Céu e sentia no coração o chamado ardente para amar e reparar o Coração de Jesus. Era uma menina de oração, e mesmo entre as alegrias da vida familiar, conservava um espírito de recolhimento.
Casou-se com Ulf Gudmarsson, com quem teve oito filhos, entre eles Santa Catarina da Suécia. A família vivia em harmonia e oração, sustentando obras de caridade e auxiliando os pobres. Quando o esposo morreu, Brígida consagrou-se inteiramente a Deus, tornando-se uma penitente e mística reconhecida por toda a cristandade.
As revelações e os segredos do Céu
Santa Brígida recebeu de Cristo uma série de revelações místicas conhecidas como as Revelações Celestes, que foram estudadas e aprovadas pela Igreja. Nessas locuções, Nosso Senhor falava com doçura e majestade, revelando mistérios da Sua Paixão, do julgamento das almas, do Purgatório e da misericórdia divina.
Ela contemplou a alma humana diante do tribunal de Deus, viu anjos e demônios em combate, e ouviu o lamento de Cristo pelos pecadores que O desprezam. Em muitas visões, Nosso Senhor mostrava-Se coroado de espinhos, com o rosto ensanguentado, pedindo reparação pelos ultrajes cometidos contra a Eucaristia e contra a pureza da Igreja.
Uma das revelações mais conhecidas foi a oração das 15 Orações de Santa Brígida, que Nosso Senhor lhe ditou em Roma, diante do crucifixo da Basílica de São Paulo. Jesus prometeu graças abundantes àqueles que as recitassem com devoção durante um ano, meditando Sua Paixão. Essas orações se espalharam por todo o mundo católico e continuam sendo rezadas por milhões de fiéis até hoje.
As profecias e a missão profética
Santa Brígida também foi uma voz profética em tempos de crise na Igreja. Exortou papas, reis e prelados à conversão e à fidelidade ao Evangelho. Teve visões sobre o futuro da Igreja e do mundo, nas quais Deus lhe mostrava castigos e purificações que recairiam sobre os homens caso não se arrependessem.
Ela escreveu cartas inflamadas ao Papa, pedindo o retorno da Sé Apostólica de Avinhão a Roma — e sua voz foi ouvida. Assim, Santa Brígida tornou-se também um instrumento providencial para a restauração da dignidade da Igreja Romana.
A mística das Dores de Maria e a chama do amor
Profundamente unida à Santíssima Virgem Maria, Santa Brígida recebeu de Nossa Senhora revelações sobre as Sete Dores de Maria, sobre a infância de Jesus e os mistérios escondidos da Sagrada Família. A Virgem lhe ensinou o valor do Rosário, da penitência e da pureza.
Em uma de suas visões mais tocantes, Santa Brígida viu Nossa Senhora junto à Cruz, recebendo o corpo de Jesus nos braços, e compreendeu que cada pecado é uma ferida no Coração Imaculado. Por isso, a santa viveu como vítima reparadora, oferecendo jejuns, vigílias e orações incessantes.
A morte e a glória celestial
Santa Brígida faleceu em Roma, no dia 23 de julho de 1373, após receber os últimos sacramentos com grande serenidade. Seu corpo exalava um perfume celestial, e muitos milagres se seguiram à sua morte.
O Papa Bonifácio IX a canonizou em 1391, e séculos mais tarde, São João Paulo II a declarou co-padroeira da Europa, reconhecendo nela uma “mensageira da unidade e da paz”. Bento XVI também confirmou o valor espiritual de suas revelações, considerando-as um tesouro de mística autêntica.
Mensagem espiritual
Santa Brígida é um farol para os tempos de confusão. Ensina-nos que o verdadeiro amor a Deus não se reduz a sentimentos, mas se prova na penitência, na oração e na fidelidade à Cruz.
Quem recita suas orações e medita suas visões compreende a gravidade do pecado e a ternura do Coração de Jesus, que continua buscando almas reparadoras.
“Eu te amei mais do que qualquer criatura poderia amar”, disse Jesus a Santa Brígida.
E ela respondeu com sua vida: “Senhor, que nada me separe de Vós.”
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Prof. Emílio Carlos
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